ATA DA SEXAGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 30-11-2000.

 


Aos trinta dias do mês de novembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e cinco minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Havelange, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 171/99 (Processo nº 3046/99), de autoria do Vereador Fernando Záchia. Compuseram a MESA: o Vereador João Motta, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Rejane Penna Rodrigues, Secretária Municipal de Esportes e representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Emídio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; o Major Nélson Fernando Labres, representante da Brigada Militar; o Capitão Engenheiro José Orlando Malagueta, representante do Senhor Comandante do V Comando Aéreo Regional - COMAR; o Senhor Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Senhor João Havelange, Homenageado; o Vereador Fernando Záchia, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Também, o Senhor Presidente registrou as seguintes presenças: do Senhor Zélio Hocsman, Vice-Presidente da Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul – FEDERASUL; do Jornalista Mário Emílio de Menezes, representante da Associação Riograndense de Imprensa; do Senhor Rubens Hoffmeister, ex-Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; do Senhor Epitácio Branco, representante da Liga de Defesa Nacional; dos Senhores Marco Antônio Wanner e Bento Kulczynsky, representantes do Grupo RBS – Interativa; do Senhor Carlos Caetano Bledorn Verri – Dunga, ex-Atleta do Sport Club Internacional. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Fernando Záchia, em nome das Bancadas do PMDB, PT, PDT e PSB, discorreu sobre aspectos atinentes à vida pessoal e profissional do Senhor João Havelange, destacando a importância do trabalho desenvolvido por Sua Senhoria à frente da Federação Internacional de Futebol Associado – FIFA, de modo a popularizar e divulgar a prática desse esporte em todo o mundo. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, saudou o Senhor João Havelange pelo recebimento do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, procedendo à leitura de trechos da Exposição de Motivos do Projeto de Lei que conferiu essa honraria ao Homenageado e salientando a competência sempre demonstrada por Sua Senhoria em suas atividades ligadas ao futebol. O Vereador Gilberto Batista, em nome da Bancada do PTB, prestou sua homenagem ao Senhor João Havelange, relembrando aspectos atinentes à vida desportiva de Sua Senhoria, mencionando a participação do Homenageado como praticante de diversas modalidades esportivas e externando seu orgulho em participar da presente solenidade. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, destacou a justeza da homenagem hoje prestada ao Senhor João Havelange, parabenizando o Vereador Fernando Záchia pela iniciativa da presente solenidade e enaltecendo a contribuição prestada pelo Homenageado, através do futebol, à promoção da paz entre os povos e à elevação do nível de qualidade desse esporte. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, salientou a importância da concessão do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Havelange, discorrendo sobre a qualidade da atuação do Homenageado nos períodos em que dirigiu a Confederação Brasileira de Desportos e que presidiu a Federação Internacional de Futebol Associado – FIFA. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou o recebimento de correspondências alusivas à presente solenidade, enviadas pelo Desembargador Luiz Felipe Vasques de Magalhães, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, pelo Senhor Jorge Branco, da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional – METROPLAN, pelo Senhor Fábio André Koff, Presidente da União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro – Clube dos Treze, e pelo Senhor Ricardo Russowsky. A seguir, o Vereador João Motta, na presidência dos trabalhos, convidou o Vereador Fernando Záchia para, juntamente com Sua Excelência, proceder à entrega do Diploma e da Medalha alusivos ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Havelange, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Motta e secretariados pelo Vereador Fernando Záchia, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Fernando Záchia, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Motta): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Sr. João Havelange.

Convidamos para compor a Mesa o Sr. João Havelange; a Sr.ª Rejane Penna Rodrigues, Secretária Municipal de Esportes e representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Sr. Emídio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; o Major Nélson Fernando Labres, representante da Brigada Militar; o Capitão Eng.º José Orlando Malagueta, representante do Comandante do V COMAR; o Dr. Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Agradecemos a presença de todos que abrilhantam esta Sessão por proposição do Ver. Fernando Zachia, futuro Presidente desta Casa, para a nossa alegria, no próximo ano.

Registramos a presença do Sr. Zélio Hocsman, Vice-Presidente da FEDERASUL; Jornalista Mário Emílio de Menezes, representando a ARI; Sr. Rubens Hoffmeister, ex-Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Sr. Epitácio Branco, representando a Liga de Defesa Nacional; Sr. Marco Antônio Wanner e Sr. Bento Kulczynsky, representando o Grupo RBS - Interativa. Também está presente, aqui, para alegria nossa, particularmente dos colorados, Ver. Fernando Záchia, o nosso ex-jogador, grande atleta e sempre grande, como referência para nós no mundo desportivo, o Sr. Carlos Caetano Verri - Dunga, ex-jogador do Sport Club Internacional e Capitão da Seleção Tetracampeã. (Palmas.)

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Concedemos a palavra ao Ver. Fernando Záchia, que falará como proponente e pelas Bancadas do PMDB, PT, PDT e PSB.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Como disse Waled Perry em seu livro Crônica de Uma Certa Lei do Desporto, no prefácio: “A João Havelange - Doze anos na Confederação Brasileira de Desportos. Três campeonatos mundiais de futebol, vários títulos em vinte e dois desportos, nova sede com instalações modernas, vinte e quatro anos de FIFA, de cento e trinta e quatro a duzentas e quatro associações nacionais filiadas, um patrimônio incomparável. Aproximação, pelo futebol, de países em conflito; cento e oitenta e seis países visitados.”

 João Havelange, um brasileiro “cidadão do mundo”, deixando por onde passa um rastro de humanidade, de dignidade, de respeito, de determinação e de realizações que tantos e tantos outros tentam, em vão, atingir.

Dr. João Havelange, presidente de Honra da Federação Internacional de Futebol - a FIFA -, entidade que presidiu por vinte e quatro anos, é reconhecido como cidadão do mundo, sem contestação em qualquer dos cinco continentes. A par dessa realidade, a Câmara Municipal de Porto Alegre, representante do povo desta Capital gaúcha, de maneira unânime, orgulha-se em outorgar-lhe o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Trata-se de mais uma honra para a nossa Cidade, ter um cidadão do mundo agora também, porto-alegrense. E não é por acaso que a Cidade de Porto Alegre lhe oferece esse título. A memória é presente, temos consciência de que o futebol gaúcho e de alguns outros Estados brasileiros começou a crescer e a se projetar nacionalmente a partir de 67. Nesse ano V. S.ª ampliou, como presidente da extinta Confederação Brasileira de Desportos, a velha e querida CBD, hoje CBF, o então Torneio Rio-São Paulo com apenas dez equipes. O Torneio Roberto Gomes Pedrosa, incluindo o Internacional, o Grêmio, clubes do Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia. A dupla Gre-Nal naquele ano e no ano seguinte de 1968, quando meu pai, José Alexandre Záchia, e pai do meu irmão Pedro Paulo presidiu o Internacional, saiu-se muito bem a dupla Gre-Nal, sendo o Internacional vice-campeão em 1967, 1968 e o Grêmio em quarto lugar em 1967. A partir disso, Dr. Havelange, o futebol gaúcho, especialmente o de Porto Alegre, passou a ser reconhecido no Brasil e obteve muitos títulos nacionais e internacionais.

Antes de projetar o futebol mundialmente, Havelange como presidente da extinta CBD, fez esse esporte crescer no País. Porto Alegre e o Rio Grande do Sul são gratos a esse trabalho. Afinal, Internacional e Grêmio se tornaram referências de clubes e times num conjunto a partir de 1967, quando, até me lembrava antes o ex-presidente Rubens Hoffmeister que pagavam a dupla Gre-Nal para jogar o campeonato brasileiro, começaram a conquistar esses títulos nacionais e internacionais. E Havelange é, sem dúvida alguma, um dos responsáveis por isso, por sua visão de expandir e modernizar a estrutura do futebol. A Cidade e o Estado não esquecem seu ato de grandeza ao tornar o futebol brasileiro realmente nacional, como, ainda, o reconhecimento do seu trabalho como Presidente da FIFA, a partir da Copa da Alemanha em 1974, quando começou a recuperar essa entidade em termos financeiros e despertou o futebol para o mundo, na África, na Ásia, na Oceania e as Américas Central e do Norte.

Hoje, com certeza, a FIFA possui maior representatividade que a ONU, afinal, tem mais países filiados do que as Nações Unidas. Saliento que o carioca, além de cidadão do mundo, agora, também, porto-alegrense João Havelange, assumiu a presidência da FIFA quando ela tinha apenas 20 dólares em Caixa, a sede na Suíça, Zurique, era alugada e o aluguel estava atrasado. A partir da era Havelange na FIFA, o futebol passou a movimentar por sua herança em torno de 250 bilhões de dólares anualmente na economia mundial. São salários de profissionais envolvidos no esporte, bilheteria dos estádios, publicidade, imprensa e venda de material esportivo, além de viagens das delegações, como ocupações de hotéis, enfim, turismo. Direta e indiretamente em torno de quatrocentos milhões de pessoas vivem em torno do futebol.

Ao desistir do cargo em 1998, não desejando concorrer à sétima reeleição e elegendo o seu sucessor, o suíço Joseph Blatter, Havelange deixou a entidade com milhões de dólares em caixa e sede própria no valor hoje estimado em 100 milhões de dólares. Transformou o futebol na maior organização esportiva e financeira do mundo, viajou por todos os países filiados à FIFA, tendo em torno de vinte mil horas de vôo, marca de aposentadoria de um comandante de avião tipo Jumbo. Integrou povos, principalmente africanos, e lutou contra o fim do apartheid na África do Sul, visando às suas participações nas competições de futebol e olímpicas. Como conseqüência disso, o futebol da Nigéria e de Camarões, países africanos, são hoje os dois últimos campeões olímpicos.

Conhecedor dos problemas das crianças carentes no Brasil e no mundo, João Havelange idealizou a criação de uma Fundação da FIFA para assisti-las, mas admitindo que a entidade é burocrática nesses assuntos, associou-a à organização denominada SOS Criança no Mundo, com sede em Viena, na Áustria, e instalada em aproximadamente cento e cinqüenta países. Há casas para esses menores, as quais recebem todo o tipo de assistência. A FIFA, por iniciativa de Havelange, colabora com 200 milhões de dólares a cada quatro anos. Isso ajuda a evitar a marginalidade. Permite saúde, educação, encaminhamento à vida. Tudo isso por intermédio do esporte.

Com uma vida cheia de realizações, João Havelange talvez tenha aí uma grande frustração. Homem preocupado com a integração dos povos, não conseguiu realizar uma partida de futebol entre israelenses e palestinos, nos Estados Unidos, mas tentou, era o seu grande sonho, mas ainda, quem sabe um dia, poderá ser realizado.

Por toda a sua vida dedicada ao esporte brasileiro, como atleta de natação, de pólo aquático, em olimpíadas, e de futebol, além de dirigente nacional, estadista e diplomata, valorizando todos os Estados brasileiros e outros países, a Capital Gaúcha e o Rio Grande do Sul estão orgulhosos disso. Parabéns, Dr. João Havelange. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra e falará em nome do Partido da Frente Liberal.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre Ver. João Motta; Ilustre Homenageado, já retratado pelo Ver. Fernando Záchia como Cidadão do Mundo, destacado desportista João Havelange; prezada representante de S. Ex.ª o Sr. Prefeito Municipal, Sr.ª Rejane Penna Rodrigues, Secretária Municipal de Esportes e que cativou, nesta Casa, um grande número de pessoas que, com muito respeito, reconhecem o seu trabalho, o seu esforço na condução desta Secretaria, destinada a fomentar o desporto na Cidade de Porto Alegre; caro amigo Emídio Perondi, Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Major Nélson Fernando Labres, representante da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul; Capitão-Engenheiro José Orlando Malagueta, representante do Comando do V COMAR; Il.mo Dr. Telmo Kruse, Presidente do Conselho dos Cidadãos Honorários de Porto Alegre; meus senhores, minhas senhoras, colegas Vereadores e colegas Vereadoras:

Manda a tradição e o protocolo da Casa que o pronunciamento mais substancioso em ocasiões como esta parta do proponente da homenagem, no caso, esse jovem brilhante Vereador da Cidade, meu querido amigo pessoal, Fernando Záchia.

Há pouco, quando eu o cumprimentava pelo seu pronunciamento, não fazia, caro Dr. Havelange, um mero gesto formal. Cumprimentava a sensibilidade, a inteligência e, sobretudo, a oportunidade com que, num determinado momento, ele tomou a iniciativa pela qual nos possibilitou a todos nós, integrantes desta Casa, tributar ao senhor esta justa e merecida homenagem. De fato, para nós gaúchos e para nós amantes do futebol, envolvidos por inteiro numa Copa que leva o seu nome, a Copa João Havelange, a sua presença entre nós é até um motivo e uma razão de reflexão, que nos questiona, e que nos leva a questionar sobre situações vivenciadas pelo esporte do Rio Grande, pelos nossos clubes. O Clube do Fernando Záchia, o seu colorado, e o meu Grêmio, situações vividas pelo futebol como um todo, um futebol do Rubem Freire Hoffmeister, do Emídio Perondi, essa reflexão toda conduz à sua pessoa, como muito bem acentuou o Záchia, ao lembrar uma revolução que o futebol brasileiro alcançou, coincidente com a sua presença, desde 58, primeiro na Confederação Brasileira de Desportos, a nossa velha CBD, nome pelo qual ainda com freqüência, e por vício, me refiro ao falar da entidade maior do futebol brasileiro. Mas tudo isso, Dr. Havelange, seria apenas uma manifestação formal de nossa parte. Eu acredito que o gaúcho, em que pese alguns entenderem diferente, entre os predicados que busca cultivar é o da hospitalidade e, sobretudo, o da fidalguia. Ao homenagearmos o senhor nesta tarde, nesta noite, acho que nós não somos um mero gaúcho, fidalgo, hospitaleiro, que reconhece méritos a uma pessoa. Nós somos mais do que isso, nós somos reflexos de um País inteiro, cujos Parlamentos em qualquer nível, não lhe devem fidalguia, nem honrarias, lhe devem o respeito, um profundo respeito pelo que o senhor significa em termo de transformação, primeiro do futebol brasileiro e, segundo, desse esporte paixão nacional, nascido na Inglaterra e hoje disseminado por todos os quadrantes do mundo. Penso que é isso que pensaria esse calejado dirigente esportivo, Nestor Ludwig, ao vir para esta Casa, nesta tarde. Certamente, o nosso querido Zélio Hocsman ou o meu irmão Saul Berdigski, - mais jovens do que eu, o Saul muito mais do que o Zélio, - terão outras razões para estar conosco aqui, mas todas as razões que possam conduzir a esta Casa o Dallegrave, o Mário Emílio de Menezes, o Rubens Hoffmeister, todas somam-se em uma só.

Há determinadas situações em que a lei realiza por inteiro a sua finalidade e a lei é tanto mais lei quando reproduz com fidelidade um fato social que a precede. A declaração de cidadania, que a lei de iniciativa do Ver. Fernando Záchia enseja e que hoje se completa, é, sem dúvida nenhuma, a mais absoluta confirmação da adequação do meio com o fim, da finalidade com o objeto, porque, indiscutivelmente, para Porto Alegre, que tem uma gama e uma galeria muita ampla de grandes valores por ela reconhecidos, por meio do seu Legislativo, que compõem essa nominata, aqui representada pelo Dr. Telmo Kruse, o nosso grupo de Cidadãos Honorários, a partir de hoje, Dr. Havelange, com toda certeza, tem uma repercussão que transcende nas suas fronteiras, transcende a fronteira do Estado, transcende as fronteiras do País e repercute no mundo todo. Eu, que nasci, Dr. Havelange, lá nas barrancas do rio Quaraí e que, em 1950, com meus onze anos de idade, marejei lágrimas pela humilhação de ver o nosso Brasil ser, em pleno Maracanã, derrotado pelos nossos vizinhos uruguaios, não posso nunca olvidar que o destino lhe conduziu à Presidência da nossa CBD, na nossa primeira copa mundial, e que com V. S.ª dirigindo o futebol brasileiro conseguimos o tri-campeonato. E como amante do esporte, como tricolor de coração, que espera vê-lo voltar a Porto Alegre em dezembro, com a ambiciosa expectativa de entregar ao meu clube o troféu que leva o seu nome.

Com essa mistura de sentimento de guaipeca do interior do Rio Grande e de representante do povo de Porto Alegre, eu creio que devo sintetizar a minha manifestação utilizando o final da exposição de motivos que gerou o Projeto de Lei unanimemente aprovado nesta Casa, quando o Ver. Fernando Záchia dizia que esse Projeto de Lei que propunha a concessão do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre a João Havelange procurava demonstrar o reconhecimento da comunidade porto-alegrense a esse cidadão do mundo, natural do Rio de Janeiro, que se notabilizou como mais importante Presidente da Federação Internacional de Futebol Association, transformando-a na poderosa organização que rege o mais popular esporte do mundo.

Com seus méritos tornou-se um verdadeiro estadista ao utilizar o futebol para aproximar povos em guerras históricas ou punir regimes ditatoriais e discricionários, que, como o da África do Sul, pelo apartheid, promovia a discriminação racial tão condenada por todos os organismos internacionais.

É assim, Dr. Havelange, que este gremista que justifica uma presença não tão maciça da gente do Grêmio nesta solenidade, na medida em que já estamos nos dirigindo para a arena de disputa, onde enfrentaremos mais um momento da caminhada, que eu espero que venha a se transformar em altamente vitoriosa, para que possamos - nós, do Grêmio - ter o maior dos galardões da nossa história, nós que entendíamos que Tóquio não poderia ser superado por mais nada, passamos a entender agora que pode ser superado, sim, se for morar no monumental Estádio Olímpico a Copa João Havelange. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. Gilberto Batista está com a palavra em nome da Bancada do PTB.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Saudar, aqui, o maior estadista esportivo deste Planeta, cidadão do mundo - como foi mencionado aqui -, atleta exemplar, dirigente criativo, convicto com o seu propósito de mudanças, Porto Alegre ganha hoje mais um cidadão ilustre.

E, para mim, Dr. João Havelange, é com muito orgulho e muita honra que este Vereador representa a Bancada do PTB, nesta Casa, em nome do meu Líder, Ver. Luiz Braz, dos Vereadores Elói Guimarães, Jocelin Azambuja, Tereza Franco, Leão de Medeiros, que deram a honra a este humilde Vereador de dirigir poucas mas sinceras palavras a V. S.ª, que hoje recebe este Título muito importante da minha Cidade.

Feliz o meu colega, futuro Presidente desta Casa, na gestão 2001, Ver. Fernando Záchia, em propor este Título Honorífico, votado por mim e pelos outros trinta e dois Vereadores, por unanimidade.

O Ver. Fernando Záchia discorreu sobre toda a sua luta e toda a sua trajetória no mundo esportivo. Citou vários exemplos, e o fez muito bem, com justiça ao nosso Estado, conferindo-lhe o Título de Cidadão.

Quero parabenizá-lo por um gesto seu, que é a criação da Fundação SOS Criança, que abrange vários países e que contempla crianças que necessitam de apoio. Além do futebol, que é a razão de estarmos felizes, além de tudo isso, V. S.ª viu o outro lado: o lado das crianças necessitadas, que passam fome e que estão tendo, de uma maneira ou de outra, essa ajuda, que partiu da sua gestão. Por isso tudo, quero parabenizá-lo e pedir a Deus que lhe dê bastante saúde para que continue sua trajetória de vitória, de convicção e de muito positivismo.

Apenas fico triste porque, apesar de V. S.ª ser um homem tão honrado, que sempre demonstrou honestidade, a CPI do Futebol tenta manchar um pouco essa honestidade. Fica aqui o desagravo deste Vereador ao que a CPI tenta fazer com o seu nome. Eu acompanhava uma entrevista sua na Rádio Gaúcha, onde V. S.ª comentava a sua tristeza e a sua mágoa ao ser chamado pela CPI para relatar do que está ocorrendo hoje, no nosso futebol. Quero deixar meu desagravo e também parabenizar V. S.ª pela sua atitude e agradecer-lhe por ser cidadão da minha Cidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome do Partido Progressista Brasileiro.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Deus dá-nos virtudes e talentos para que sejam utilizados para o bem da humanidade. Pois João Havelange, a quem homenageamos hoje, numa iniciativa do Ver. Fernando Záchia, recebeu vários dons divinos e os colocou a serviço do bem comum, usando, como instrumento, o esporte.

Nosso homenageado praticou futebol, natação, pólo aquático e ciclismo, como lazer. Participou, como atleta, em duas olimpíadas. Utilizou o esporte, em primeiro lugar, para dar exemplo, como atleta, aos mais jovens, porque estimular nossa juventude ao esporte é incentivá-la a estudar e tirá-la do ócio e das drogas; em segundo lugar, para elevar o nível do esporte, especialmente do futebol, como dirigente - no período em que presidiu a CBF, de 1958 até 1973, o futebol teve a sua maior expansão e a sua maior glória, pois nos sagramos tricampeões mundiais em 1958, 1962 e 1970 - em terceiro lugar, para levar ao mundo a mensagem maior do esporte, que é unir os povos, como dirigente maior da FIFA - durante vinte e quatro anos promoveu a restruturação e a expansão da FIFA, apoiou países africanos e árabes e tentou aproximar Israel dos árabes, através do futebol -; em quarto lugar, para gerar emprego e renda, como empresário. Foi um admirado profissional, dirigindo várias empresas de elevada expressão.

 Havelange fez muito pelo mundo e, talvez até sem se dar conta, fez muito pelas pessoas e pela pátria, pois é inimaginável a explosão de alegria, o vislumbre de futuro que passa pelo coração e pela mente de um jovem de dezesseis anos, como eu, lá na longínqua São Luiz Gonzaga, festejando a conquista do campeonato mundial de futebol em 1958. Dali, meu caro João Havelange, saiu o estímulo para todos, de que é possível crescer e vencer; saiu o estímulo para o patriotismo e para o civismo, que se vêem ameaçados hoje pelas incertezas do nosso País e pelo crescimento de ideologias nefastas.

Por isso, em nome do Partido Progressista Brasileiro - PPB, cuja Bancada componho nesta casa, juntamente com os Vereadores Pedro Américo Leal e João Dib, apresento meus cumprimentos pelo Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre.

Esta Cidade se orgulha de ter João Havelange entre seus filhos adotados mais ilustres. É uma honra receber, no seleto time de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, o homem correto, o atleta olímpico, o empresário, o católico, o advogado, o dirigente máximo do esporte mundial durante vinte e quatro anos.

Esta Cidade que ontem, nesta Casa, perdeu a oportunidade de ter um Ginásio Olímpico por questões políticas menores, não esmorecerá, porque sabe que essa fase obscura vai passar, que o esporte olímpico, graças ao esforço de clubes e entidades privadas, vai superar todos os obstáculos e levar Porto Alegre, no futuro, a uma posição de destaque.

Cumprimento mais uma vez o Ver. Luiz Fernando Záchia, um defensor e estimulador do esporte no Rio Grande do Sul, pela brilhante iniciativa.

Ao nosso homenageado, meus cumprimentos. Que Deus, que lhe deu tantos talentos, continue lhe proporcionando saúde e longa vida. Parabéns! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará em nome do PSDB.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Esta oportunidade que acalentamos de estar a tua volta e falar com um amigo, não podemos separar de um sentimento juvenil de idealização de uma figura mundial, de um mito do planeta. E não a podemos separar da sempre presente sensibilidade proverbial do Ver. Fernando Záchia..

Já te conheço de aeroportos, de outros lugares deste mundo, onde tens um papel decisivo em torná-lo - exatamente este mundo - cada vez menor, pequeno, com as reduzidas proporções que o progresso nos mostra a cada dia, tão pequeno, por estarmos cada vez mais juntos, mais solidários, menos bélicos. Parece mentira, mas há sessenta e cinco anos terminou a última guerra mundial. Ficamos mais próximos, com a tua especial ajuda, com o teu papel preponderante.

Conhecemos, todos, de há muito, essa figura alta, esguia, elegante, moldada pelo atleta e esportista que desde o nascimento se dispôs ao exercício e à competição.

Quando fala seu “érre” carregado, é seqüela da origem francesa.

Aquilo que os organismos internacionais especializados mais almejam e não conseguem, a tão sonhada paz mundial, é hoje o desafio de quatro raças da espécie hominis, espalhadas em mais de duzentos países, com seus climas, culturas, religiões, línguas, interesses econômicos, políticos e sociais; aquilo que foi considerado impossível nesta rotunda confusão que o mundo de hoje se tornou, o futebol, através da FIFA e, muito especialmente, teu mandato, conseguiu: uma paz mundial tão subversiva, tão subversiva, que inimigos figadais, países em permanente litígio, debocham dessa realidade violenta, e noventa minutos de futebol, por mais decisivos, por mais acirradas as disputas, terminam com vinte e cinco pessoas no campo, muitas vezes incluindo outros profissionais e o público, surpreendidos em constrangedora confraternização.

É o sortilégio de algo indefinível, como o é o futebol.

Em sua essência está o lúdico, a alegria da criação, do gesto, da coreografia, do ludibrio fácil permitido até a um gênio de pernas tortas da zona rural de uma cidadezinha desconhecida, permitida a um negro, filho de pais pobres, permitida a qualquer raça, a qualquer estrato social, permitida a todos os continentes. É a prova provada, João Havelange, de que a bola, essa mulher-sedução, tem, dentro de si, um coração.

Diria que é fácil disseminar pelos povos essa arte, essa forma de comunicação, um esporte esperanto que hoje todos os países jogam e falam. Ele será, talvez, a primeira forma de comunicação, num futuro próximo, ente as galáxias. Para tanto basta-nos um João Havelange.

Mas nem sempre foi assim. De quatro em quatro anos, o mundo se aperfeiçoa, se modifica, se transforma e, sob uma nova forma, novos conceitos, apresenta, a cada nova Copa do Mundo, a nova versão, a nova mentalidade, o novo entendimento de sua majestade o futebol. Sua magia já passou por todos os ciclos econômicos e de organização mundial: foi amador em seus primórdios, quando o amor a essa arte escravizava; foi feudal e rural, quando pequenos latifúndios desse meio hectare de grama eram ocupados pelo amadorismo marrom; foi mercantil e comercial no profissionalismo muitas vezes híbrido. FIFA, sede em Genebra, nome francês e inglês para divulgar a todos que Association é associação de esforços, de talentos, que é troca, que é interdependência, que é uma profunda necessidade de integração, que é o símbolo da paz entre onze pessoas, paz que se dissemina para sete bilhões de hominídeos.

João Havelange fez a revolução pós-industrial do futebol. A FIFA foi o estado espetáculo; o futebol, a sua maneira de globalização. Hoje, resgatamos nossas graves cicatrizes e a nossa culpa coletiva, adquirida pelo escravismo de trezentos e cinqüenta anos com o esporte. A África nos apresenta o negro como especialista em velocidade, em elasticidade, em arte, em criação pura na finta, no drible, no chute, na coreografia que o mundo inteiro está acostumado a ver em cada um de nossos craques. Estamos invertendo aquele sentido da seta escravista, voltando ao continente africano, uma das nossas origens. E se temos como identidade nacional a língua portuguesa e este solo amado como identidade nacional em forma de coração, se temos um hino lindo, tão divulgado pelo nosso futebol, se temos uma bandeira multicor em nossa camisa, se nossa moeda é o Real, símbolo da adaptação a esse novo momento macroeconômico, temos inequivocamente o futebol como identidade esportiva brasileira, como virtude nativa de nossos meninos e meninas, como um desafio matreiro, malicioso de um país tropical com resposta a uma diplomacia sisuda, a superexigência de uma época. Somos capazes de responder com uma jogada pelas pontas, impregnada de ousadia, da audácia brasileira, quebrando protocolos, derretendo a glacial rigidez dos monarcas de longínquos países, fazendo-os sair do sério, dar gostosas gargalhadas e humanizando relações internacionais, às vezes desumanas. Ao contrário das outras, esta revolução tem data e hora de seu início. Foi o dia em que João Havelange assumiu a presidência da FIFA. O dia em que, deixando o futebol brasileiro, respeitado, multicampeão, consagrado mundialmente, passou a ter como filhos todos os países deste planetinha, na mais complexa rede de relações diplomáticas, financeiras, esportivas, humanas e sociais.

A miscigenação através dos mares, dos continentes, do ar, transformou cada copa na Babel do entendimento, da proximidade, do acesso fácil entre pessoas, da disponibilidade para propósitos superiores de civilidade. É este o milagre do futebol, esporte feito mais de erros do que de acertos. O Association dilui os erros, tornando-o todo menos vulnerável. A arte cria a sublimidade do acerto, do virtuosismo, da sedução de exteriorizar os movimentos musculares em psicomotricidade fina e, por outra rede fantástica que a tecnologia nos legou, a televisão, que se encarrega de espalhar a festa do povo, ao invés da violência, da agressão, da deseducação, do nivelamento por baixo.

Temos o privilégio de ter ultrapassado dois séculos, o vinte e o vinte e um. Seus marcos positivos maiores são: o inigualável progresso, as proporções vertiginosas de um processo tecnológico, a modernidade, como a primeira pisada do homem na lua; a comunicação instantânea; o progresso das ciências, como a Medicina; a melhora da qualidade de vida e longevidade dos povos, a fibra ótica, o monitor e o computador. Mas também temos o privilégio de ter vivido o futebol dos seguintes jogadores: Pelé, Garrincha, Didi, Zico, Zézinho, Domingos da Guia, Stanley Mathews, Di Stéfano, Platini, Rivaldo, Cruiff, Puskas e Maradona.

Temos o profundo e maior privilégio de ter vivido a época João Havelange na CBF e na FIFA. Grande cidadão do mundo, responsável pelo crescimento inigualável de um Estado que não tem território próprio, porque a sua terra é um universo, a sua gente é o ser humano, e a sua felicidade, a paz que provoca entre todos nós pobres terráqueos.

Temos o privilégio, enfim, João Havelange, de termos usufruído, por intermédio do Ver. Luiz Fernando Záchia, neste dia histórico em que o povo porto-alegrense, nos dois dias de um de seus maiores nirvanas do futebol, tem Grêmio e Internacional entre os oito melhores da Taça João Havelange. Dia histórico, porque Porto Alegre e as suas ruas te abraçam como abraçam a um filho em definitivo, com o mais possessivo orgulho de ser aconchego, de ser abrigo, de ser a tua casa, toda tua, quando bem entenderes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Registramos algumas mensagens, Dr. João Havelange, que foram enviadas a V. S.ª, as quais depois vamos lhe passar, para que seja também retratada um pouco a importância deste ato.

Recebemos a mensagem do nosso ilustre Desembargador Luiz Felipe Vasques de Magalhães, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, parabenizando V. S.ª por esta Homenagem. Recebemos, também, mensagem do Diretor Superintendente da nossa METROPLAN, Órgão de Coordenação e Planejamento do Estado do Rio Grande do Sul, pela honrosa homenagem; e, também, recebemos mais outras mensagens, dentre as quais, em nome da União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro, o Clube dos Treze, assinada pelo Presidente Fábio André Koff.

Gostaria, neste instante, com muita honra, de convidar o Ver. Fernando Záchia, proponente desta homenagem, para que divida conosco a entrega solene do Diploma e da Medalha da Cidade de Porto Alegre ao nosso homenageado, Dr. João Havelange.

 

(Procede-se à entrega do Diploma e da Medalha da Cidade de Porto Alegre ao homenageado.) (Palmas.)

 

Passo a palavra ao nosso homenageado, Dr. João Havelange, para que faça, também, a sua manifestação, para honra desta Casa.

 

O SR. JOÃO HAVELANGE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Deveria ter preparado o meu discurso, mas me recordo que, quando ainda jovem, antes de chegar à Universidade, tivemos no Brasil e principalmente no Rio de Janeiro, uma plêiade de homens ilustres e de cultura deste Estado. Tivemos Presidentes da República, Ministros, enfim, uma plêiade de homens de cultura e de sabedoria. Em assisti-los, nunca os vi pegarem papel para falar: eram espontâneos, eram fáceis de serem compreendidos, eram fáceis de serem ouvidos, e, a cada momento que se passava, eram desejados. Foi assim que conheci a gente do Rio Grande do Sul. Tive a felicidade ainda no Liceu de ter como colegas os três filhos do Presidente Vargas: Getulinho como nós o chamávamos, Alzinha e o mais jovem Maneco. Com eles convivíamos. Se não bastasse esta amizade - ainda os tenho hoje como amigos -, há os filhos do Dr. Oswaldo Aranha, o Quica e o Vavau, amigos de toda a vida. E em pensando nos pais desses homens, desses amigos, eu me sentiria frustrado se viesse ler em textos. Prefiro cometer engano, mas prefiro ser sincero para com todos aqueles que aqui me aplaudiram.

Quem fez a moção Fernando Záchia, quero dizer-lhe que há quarenta anos, tive a felicidade de conhecer o seu pai que, se aqui estivesse, se sentiria orgulhoso do seu filho por me haver apresentado para Cidadão de Porto Alegre, homenagem que jamais esquecerei.

Aqui, quando ainda Presidente da CBD, vim acolher experiências, vim acolher sabedoria e encontro ainda diante de mim homens como List, que conheço há mais de cinqüenta anos, que era um dos principais paladinos do remo, Fischer, o homem da ginástica e Mário Emílio, um amigo de todas as horas, e se não bastasse a situação desses três que estão diante de mim, eu não poderia jamais esquecer a Rubens Hoffmeister, um grande Presidente, um grande companheiro, um grande amigo.

Assim, o passado neste Estado, nesta Cidade, foi para mim valioso e glorioso. Aqui, vim colher não-somente ensinamentos, mas vim buscar para sempre para a CBF, para CBD da época, os grande remadores, os grandes atletas do atletismo, os grandes basketbollers; os voleibolistas, enfim, o Rio Grande era um celeiro.

Nomearam, aqui, muitos jogadores do meu País, eu me permitiria, pelo menos, citar um do seu Estado que, para mim, em sua época, e se hoje ainda fosse vivo, seria, indiscutivelmente, uma dos maiores jogadores, foi Kunz, goleiro em sua época, um fenômeno, praticamente, intransponível. Lembro, eu era criança, um menino, e sentia um prazer imenso em ver Kunz. Era assim que o Rio Grande se apresentava ao meus olhos, era assim que o Rio Grande entrava no meu coração, era assim que aqui eu fazia amigos, era assim que aqui vinha para procurar uma coisa, aquela que mais desejamos e a encontrei neste Estado, com a sua gente, com o seu povo, com os seus desportistas: a felicidade. Quem aqui vem sente a verdadeira felicidade, e hoje estou imbuído dessa felicidade, que guardarei dentro do meu coração, se possível fechado como um cofre, para que ela jamais desapareça do meu sentimento e do meu ser. Com esse Título Porto Alegre me honra e me enobrece, e dizendo-lhes isso, eu só posso terminar com mais uma palavra: muito obrigado! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Motta): Parabenizamos, mais uma vez, o Ver. Fernando Záchia por esta homenagem tão oportuna.

Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a presença do nosso homenageado, e dizer-lhe que sentimo-nos absolutamente honrados com a distinção da sua presença, bem como a presença de todos.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h34min.)

 

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